CEO da Meta via o Instagram como ameaça ao Facebook
Durante o julgamento antitruste contra a Meta, documentos internos revelaram que Mark Zuckerberg estava preocupado com o impacto da aquisição do Instagram sobre o Facebook. Em um e-mail confidencial, ele alertou para a possibilidade de a rede social mais lucrativa da empresa ser “canibalizada” pelo app rival, também pertencente ao grupo.
Segundo Zuckerberg, o crescimento do Instagram poderia comprometer a liderança do Facebook no setor, o que levantou um sinal de alerta sobre a integração dos produtos da empresa.
Estratégia de integração entre aplicativos: Solução ou risco?
Para evitar a canibalização entre os aplicativos, Zuckerberg propôs construir pontes entre as plataformas da Meta, como Instagram, Facebook e WhatsApp, tornando a experiência mais integrada. No entanto, também chegou a considerar desmembrar o Instagram como um negócio independente, devido ao seu impacto na relevância cultural do Facebook, especialmente entre os usuários mais jovens.
FTC acusa Meta de monopólio nas redes sociais
A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) está utilizando esses e-mails como parte do processo que acusa a Meta de praticar condutas monopolistas. O argumento é que a empresa comprou concorrentes estratégicos como o Instagram e o WhatsApp justamente para neutralizar ameaças e manter sua dominância.
Essas mensagens internas reforçam a ideia de que a Meta reconhecia o potencial competitivo de seus próprios produtos e usou aquisições para eliminar a concorrência.
Zuckerberg questionou estratégia da família de apps em 2018
Em um e-mail de maio de 2018, enviado a altos executivos da Meta, incluindo Sheryl Sandberg, Chris Cox e Javier Olivan, Zuckerberg admitiu que talvez a abordagem de manter os aplicativos separados, porém conectados, não fosse a ideal.
Essa reflexão interna indica que, já naquela época, a liderança da empresa se questionava sobre como lidar com o sucesso do Instagram sem comprometer a posição do Facebook no mercado.
O que isso significa para o futuro da Meta?
A exposição desses documentos pode alterar significativamente os rumos do processo e até pressionar mudanças estruturais na forma como a Meta gerencia suas plataformas. As discussões reacendem o debate sobre regulação de big techs, concorrência no mercado digital e os limites das aquisições estratégicas.
Para acompanhar os desdobramentos, você pode conferir coberturas completas em veículos como The Verge ou Bloomberg.
Crescimento do Instagram prejudicava engajamento no Facebook, revela Zuckerberg
Em uma análise interna compartilhada por Mark Zuckerberg, o CEO da Meta expressou preocupação com os efeitos negativos que o crescimento do Instagram poderia estar causando sobre o Facebook. De acordo com ele, dados internos mostravam que, quando os usuários passavam mais tempo no Instagram, o engajamento na rede principal diminuía de forma significativa.
Em uma seção do e-mail intitulada “canibalização e colapso da rede”, Zuckerberg escreveu:
“Estamos começando a observar dados que sugerem que essa queda no uso do Facebook se intensifica à medida que uma parte maior da população começa a usar o Instagram.”
Instagram como ameaça estratégica ao Facebook
À medida que o Instagram se expandia, a ameaça à rede social original da empresa aumentava, segundo Zuckerberg. Ele reconheceu que os modelos internos de crescimento talvez estivessem equivocados.
“Hoje, projetamos um crescimento simultâneo para Facebook e Instagram, mas se o Instagram alcançar um tamanho semelhante ao do Facebook, isso pode gerar impactos negativos que ainda não estamos considerando.”
Zuckerberg destacou ainda que o engajamento no Facebook poderia ser afetado não apenas em grupos isolados de usuários, mas em toda a base de usuários, o que causaria danos muito mais profundos do que os inicialmente previstos.
O crescimento do Instagram dependeu do próprio Facebook
Outro ponto levantado por Zuckerberg foi o fato de que o crescimento acelerado do Instagram vinha sendo impulsionado em grande parte por recursos da própria rede Facebook, como a distribuição via feed e o uso do gráfico social de amigos da plataforma original.
“Mesmo que nossa intenção seja desenvolver dois produtos distintos, corremos o risco de enfraquecer a rede mais lucrativa e envolvente ao substituí-la por outra que, até o momento, se mostra menos eficiente nesses aspectos.”
Ações da Meta para reequilibrar as plataformas
Em resposta a esse cenário, Zuckerberg afirmou que o Facebook havia começado a reduzir a promoção do Instagram dentro da própria plataforma. Além disso, ele sugeriu que o Instagram introduzisse novas integrações que ajudassem a equilibrar novamente a balança a favor do Facebook.
Uma das ideias era facilitar a vida de criadores de conteúdo, permitindo que eles interagissem com seus seguidores nos dois aplicativos de maneira mais fluida. Ele também propôs a unificação dos sistemas de chamadas de voz e vídeo do WhatsApp, Messenger e Instagram em uma única rede — o que acabou se concretizando parcialmente com o lançamento das mensagens multiplataforma da Meta em 2020 (posteriormente descontinuado).
Integração total: o plano de Zuckerberg para unificar as redes
Zuckerberg deixou claro que seu objetivo era transformar os aplicativos da Meta em uma única experiência integrada, com o menor atrito possível entre eles. Isso incluía permitir que criadores e usuários migrassem ou compartilhassem conteúdo de forma nativa entre Instagram, Facebook e WhatsApp.
“Quero que esses aplicativos funcionem cada vez mais como uma única rede em diferentes aspectos”, afirmou ele.
Família de aplicativos ou separação estratégica? O dilema da Meta
Em e-mails internos que vieram à tona no julgamento antitruste contra a Meta, o CEO Mark Zuckerberg levantou preocupações sobre a dificuldade de inovar dentro do Instagram e do WhatsApp devido à influência dos fundadores dessas plataformas.
Segundo ele, a forte presença da “liderança dos fundadores” dificultava a criação de novos produtos e a implementação de mudanças mais profundas.
Dilemas internos e o silêncio estratégico sobre o Instagram
Zuckerberg também comentou que não era possível debater abertamente os desafios com o Instagram sem arriscar a motivação da equipe ou a permanência dos cofundadores Kevin Systrom e Mike Krieger.
“Levantar nossas preocupações sobre o Instagram poderia desmotivar a equipe e comprometer a permanência dos fundadores”, escreveu ele.
Esse receio acabou influenciando não só a estratégia de produto, mas também decisões de branding e estrutura da empresa.
Fortalecimento da marca Facebook nas plataformas da Meta
Zuckerberg sugeriu que a marca Facebook deveria estar presente com mais destaque nos aplicativos da empresa. Ele propôs incluir a assinatura “Instagram by Facebook” e “WhatsApp by Facebook” nas telas de entrada e até mesmo nos logotipos visuais dos apps.
“Talvez precisemos inserir a marca do Facebook diretamente no cabeçalho desses aplicativos, onde hoje aparecem seus nomes e logotipos”, disse ele.
Essa proposta antecipava a mudança de identidade visual que ocorreria anos depois, quando, em 2021, o Facebook passou a se chamar Meta, integrando todos os seus produtos sob um novo guarda-chuva corporativo.
Separar o Instagram era uma possibilidade real considerada por Zuckerberg
Um ponto curioso dos e-mails é que o próprio Zuckerberg sugeriu, em 2018, a possibilidade de desmembrar o Instagram e o WhatsApp como uma alternativa estratégica.
Ele argumentava que essa ação poderia ajudar a:
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Proteger o crescimento do Facebook;
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Reorganizar o foco das equipes internas;
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E até manter os fundadores do Instagram por mais tempo na empresa.
Ironicamente, os fundadores acabaram deixando a Meta em setembro de 2018, o mesmo ano da proposta. E hoje, essa ideia de separação pode voltar à mesa — se a FTC vencer o processo.
Possível desmembramento: o alerta de Zuckerberg pode se concretizar
Zuckerberg foi claro ao alertar outros executivos sobre uma “chance nada trivial” de que, dentro de 5 a 10 anos, a Meta fosse obrigada a dividir suas aquisições, colocando em risco toda a estratégia da “família de aplicativos”.
“Pode chegar o momento em que não poderemos mais sustentar o ecossistema integrado que estamos construindo”, escreveu ele.
Essa previsão pode se tornar realidade caso a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) consiga provar que a Meta mantém práticas anticoncorrenciais e obtenha uma vitória na Justiça.
Resposta da Meta: e-mails antigos fora de contexto
A Meta tentou minimizar o impacto das revelações, declarando ao TechCrunch que os documentos são antigos e foram extraídos de contextos específicos.
“Documentos com mais de uma década, relacionados a aquisições que já foram revisadas pela FTC, não representam a realidade competitiva atual e não sustentam o argumento da agência”, disse um porta-voz da empresa.
Fonte da informação atualizada: https://techcrunch.com/2025/04/21/mark-zuckerberg-once-suggested-spinning-out-instagram-as-a-solution-to-its-cannibalization-of-facebook/